Só saberei que vivo aqui, neste mundo nosso
quando souber que ninguém acredita nisso,
nisso de teres beleza e perfeição dentro, isso
que não é algo credível e verdadeiro,
o facil é acreditar em tudo o que é teu derradeiro!
O belo traço, o barro bom que esculpe a alma,
não é nada desta metade para baixo,
é apenas o impossível, da metade para cima...
O lugar dos anjos, o céu, o sonho que fascina!
Onde a imaginação se esconde de modo cabisbaixo.
Não a enfrentamos, a ditosa perfeição!
Que vos enjoa e vos adormece no tempo.
Arrancar o mal e a imperfeição
que faz esquecer a falta de coragem no instante incerto!
Para sempre escolher e esconder a culpa de sua renegação.
Não poderei partir sem apresentar a sua prova real:
Que existe a sério como o sol da Primavera,
como a luz clara desta ou doutra manhã!
E que se materializa pela minha vontade que não espera,
pela minha descrição que a transfigura em poema etéreo e divinal!
Se ficou aquele espaço contido,
que faz a continuidade da vida
que será o pleno sentido eterno do que não sei,
é por isso que se é poeta de forma devida
é assim que construo em liberdade da imaginação requerida!
O silêncio é amante da beleza a que assiste o olhar,
pois esta só se reproduz em devota atenção dos seus fragmentos,
como o artista que a tenta transpor(sem nunca conseguir)
e desenhá-la em suas telas pelos seus ténues ou tempestivos traços...
E em sua interpretação insinua um mundo que existe em se recriar.
Perseguindo um ideal de perfeição ( que nos envergonha )
Em sua dupla existência, é que o escutamos e damos por ele:
Em sua mimesis que deixou de ser original
possibilita a sua continuação que não é atroz, nem banal(reproduz o pensamento)
É devir constante que se movimenta, que nasce e renasce, para que se revele:
é familiar, como a junção do solo e do céu, sentido que urge para mim!
Trágico é o destino que se apodera das vontades alheias de si próprias;
É pois ao recriar o que existe que me imponho ao destino!
A diferença é imposta pelo acto de pensar diante do abismo,
que não aceito, que enjeito, como um mal inesperado,não revelado.
Rosamar Freedom