Numa invenção de destinos ideais,
a aventura poética se eleva em interlúdios
para a única beleza de todos os princípios,
quantificando a beleza de instantes e silêncios
em que todo o vazio se enche de letras e sinais!
Na eterna liberdade de transformar o tempo,
convoco elementos que se unem na minha solidão:
A seda das manhãs, o veludo das tardes e o vento.
A lembrança do cheiro da maresia nos outonos que sucedem o Verão.
Os chuviscos que antecedem os invernos severos!
O despontar do sol que torna os raios em novelos luminosos!
Os dias primavris que se embalam em brisas de inspiração e saudades.
O despertar da natureza que se renova em novo ciclo...
E faz derreter o orvalho em gotas de transparentes esboços.
As diversas flores que exibem suas pétalas a perfumar o ar de divindades!
A luz clara que se intensifica num dia de Verão
Faz desenhos enigmáticos com escassas nuvens,
que se esfumam no céu azul da linha do horizonte, esguias...
Colorindo o ambiente de cores e pigmentos que se misturam em perfeição!(luz branca)
Exalando da realidade a quimera ideal em doces elegias.
Nessa transformação que se revela ao meu olhar
toco o instante breve e sedutor da fugacidade!
Da união de contrastes únicos que formam o ideal
de uma raridade perfeita, fugaz a se determinar.
Que por milagre encontra nas palavras a fuga para se expressar!
A poesia nasce com o dom da natureza que sente.
Combina todos os elementos que se unem de forma perfeita e única,
nesta espontaneidade perpétua o cerne da vida e a sua semente.
Empresta a possibilidade de quebrar o efémero e a sua renuncia,
nasce e renasce numa renovação constante em cada instante fugaz que se anuncia!
A imaginação prende as palavras na expressão de continuidade.
Leva-as para além da simplicidade da sua forma primitiva
Distende-as em muitas direcções e afinidades.
Como fina filigrana faz respirar a vida poética da natureza infinita
Organizando o caos numa realidade eleita, num ideal de possibilidade!
Mantendo todos os elementos intactos no belo da paisagem,
as palavras cercam o meu olhar que se estende
numa tarde desenhada pelo sabor do vento quente
em que a luz do sol incide nas copas das árvores e suas ramagens
dando às árvores a sombra perfeita num círculo residente!
Sempre o céu azul perseguindo a terra,
que se subjuga à vontade mais forte
ou em lezírias semeadas que dão cor e identidade
ou em aridez amarela e seca sem vitalidade
ou em excêntricos luares que escurecem de azul escuro o castanho da terra!
Dispersão que se desatina, como o ser na procura
de sentir um ponto emergente que se fixa e fica!
Encontra no dom poético e sensível a expressão de pertença,
que emerge na vontade de ordenar a luta tão prematura,
de um ideal equilíbrio entre a vida e tudo o que ela representa!
Rosamar Freedom