Aqui, folha de papel, guardo algumas palavras
A função do sonho e a escrita
Se não chegam as centenas de folhas
para exprimir um pouco do tanto que sinto
engrandecidas as vejo pelo que escrevo e exprimo,
nesta limitada condição útil deveras,
que dá fictícia finitude a tantas quimeras!
Encanto de folhas brancas em rectângulo...
Hermética ilusão que transforma e compõe.
Muitas vidas que respiram o dom de existir,
que se transcrevem em ideias de preâmbulo
para o que antecede o que de sério a vida supõe!
Não seria por este trabalho inventivo,
que se catalizam os nossos sonhos!
Não será por este devir desassossegado
que imponho ao papel de tinta timbrado
a difícil importância das folhas que são livro.
Empedrado revestido de razão e sentimento,
possibilidade que se realiza nesse desenhar
sinuoso, único, abrangente e saudoso
de tudo o que se vai errante a dispersar...
Nesse jogo de espelhos da alma e seu ardiloso labirinto!
Poema pensado no cerne de inspiração,
submundo instítuido num tempo de pensar,
quebrado pelo tempo despreparado,
que é o real a se disseminar,
sem valor, desmedido, a confundir o sonho e a sua função.
Rosamar Freedom